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Patrocinío de empresas em eventos científicos

Por Ada Bento, Camila Araújo e Camila Leão

Recentemente, recebemos mensagem de uma seguidora do Facebook sobre um evento que irá acontecer em setembro no estado de São Paulo. Se trata de um “Simpósio de Obesidade na Infância e Adolescência do Hospital das Clínicas da FMUSP”. A programação é bem interessante, como vocês podem conferir:

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Entretanto, observem o patrocínio/apoio do evento: Danoninho e Nestlé; empresas que têm entre sua gama de produtos, alimentos industrializados com alto teor de gordura, açúcares e energia, além de baixo teor de nutrientes, e que possivelmente podem estar associados com o aumento da prevalência do excesso de peso nesse público alvo do evento. Diante dessa situação, fomos questionadas sobre o possível conflito de interesse que esse tipo de patrocínio pode causar.

Na verdade diversos eventos que tratam sobre alimentação, nutrição e as comorbidades associadas a essas questões são patrocinados por grandes empresas nos fazendo questionar sobre a fidedignidade do que será abordado no evento.

Será que alguma informação pode ser transmitida de forma tendenciosa? De forma a incentivar o consumo de determinados produtos/alimentos, com alegações de saúde? Muito provavelmente sim. Ou até mesmo, apenas a simples presença dessas marcas, com o apoio ao evento, distribuição de amostras grátis, material científico, entre outros, pode transmitir ao profissional de saúde que essa é uma marca confiável, impassível de questionamentos. Muitos profissionais “”se encantam” com todo esse apoio e esquecem de ir conferir nas pratelerias, rótulos e bulas, por exemplo, se as informações das alegações conferem com as informações do produto em si. Pensando em produtos alimentícios: um iogurte pode ter a alegação de que tem pobióticos, “Lactobacillus vivos”, rico em fruta, porém se entre seus ingredientes não constarem significativos teores dos mesmos, tudo não passa de propaganda enganosa.

Então, será que esse patrocínio tem algum conflito de interesse? A resposta é sim! Por definição, conflito de interesse é um conjunto de condições que interferem em um julgamento, de forma que um interesse primário, como o bem estar do paciente, seja comprometido em detrimento de um secundário, como a divulgação de produtos que são comercializados por essas empresas. O fato de empresas como, Danone, Coca-Cola, Nestlé, patrocinarem esses eventos pode influenciar a forma como os profissionais irão interagir com seus pacientes, comprometendo sua integridade como profissional de saúde que busca promover saúde e difundir informações seguras e verdadeiras.

 

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Entenda os Açúcares e a Saúde segundo a Coca-Cola

Por Ada Bento e Camila Araújo

Recentemente o PropagaNUT recebeu um e-mail da Coca-Cola sobre a importância do açúcar para saúde:

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O email dá acesso a um link com um texto que aborda os diversos mecanismos em que há envolvimento do açúcar e a importância desse nutriente. Destacamos algumas partes para reflexão:

QUALIDADE NA DIETA

“Em seu exame de dados relacionados à ingestão de açúcares e micronutrientes para o relatório Dietary Reference Intakes (DRI) de 2002 sobre carboidratos na dieta, o Institute of Medicine dos EUA descobriu que a ingestão muito alta ou muito baixa de açúcares adicionados estava associada à diminuição da ingestão de micronutrientes. O relatório sugeriu um nível de ingestão de 25% ou menos de calorias (energia) de açúcares adicionados à dieta total, baseado nos dados que mostraram ingestão diminuída de alguns micronutrientes em alguns grupos populacionais excedendo esse nível.”

Quando se fala sobre “açúcares”, podemos pensar em “carboidratos”. Os carboidratos são os componentes dos alimentos cuja principal função é fornecer a energia para as células do corpo, principalmente do cérebro. São encontrados em maior quantidade em massas, arroz, sacarose (ou açúcar de mesa, que é adicionado em bebidas ou como ingrediente em receitas), mel, pães, farinhas, tubérculos (como batata, mandioca e inhame) e doces em geral (Fonte: Manual de orientação aos consumidores/ Anvisa). Contudo, pequenas e médias quantidades de carboidratos também podem ser encontradas em alimentos frescos, como frutas e vegetais.

Se pensarmos que uma pessoa tem um consumo moderado de carboidratos provenientes de frutas, muito dificilmente ela terá um prejuízo no aporte de nutrientes. Contudo, se uma pessoa tiver um consumo moderado de alimentos ricos em açúcar (sacarose), como é o caso de refrigerantes, muito provavelmente ela terá um déficit no consumo de nutrientes. Desta forma, se uma pessoa tiver um consumo exagerado de alimentos ricos em sacarose, as chances de deficiências nutricionais será grande.

CONTROLE DE PESO

“O relatório assinalou ainda que “[a] distribuição de macronutrientes na dieta de uma pessoa não é a força motriz por trás da atual epidemia de obesidade” e que “não há proporção ideal de gordura, carboidratos e proteínas na dieta para manter um peso corporal saudável, para perder peso ou para evitar o ganho de peso após a perda de peso. É a quantidade total de calorias ingeridas que é essencial.” Além disso, o relatório afirma que se o “valor calórico total é mantido constante, há pouco suporte para quaisquer efeitos sobre o consumo de energia e o peso corporal devido às calorias consumidas sob a forma líquida ou sólida. “

Será então que se consumíssemos 1000 calorias de Coca-Cola em um dia, seria a mesma coisa que se consumíssemos essas 1000 calorias provenientes de uma alimentação saudável? A resposta é não! Uma dieta balanceada é essencial para a perda de peso saudável, por isso, além da quantidade total de calorias é importante sim que haja uma distribuição equilibrada de macronutrientes na dieta e uma boa qualidade geral da alimentação.

DIABETES

“As causas do diabetes continuam a ser um mistério, embora os fatores genéticos e ambientais pareçam desempenhar um papel importante. A obesidade e a falta de exercícios são importantes na suscetibilidade ao diabetes tipo 2. Curiosamente, os açúcares não estão “fora dos limites ” para as pessoas com diabetes. Atualmente as recomendações nutricionais da American Diabetes Association (ADA) não fornecem diretrizes específicas para a ingestão de açúcares, exceto para observar que os açúcares e outros carboidratos podem ser substituídos um pelo outro em uma base de grama por grama”

No caso do diabetes, é importante destacar que fontes alimentares ricas em açúcar, como é o caso de refrigerantes, aumentam a glicemia muito rapidamente, de forma que as pessoas com diabetes não conseguem metabolizar esse excesso de açúcar de maneira eficiente, gerando os quadros de hiperglicemia e piorando a situação.

Qual a real intenção dessa empresa ao elaborar textos desses tipo? Divulgar informações científicas sobre saúde ou amenizar o seu lado, já que as principais críticas quanto ao seu produto mais famoso é o teor de açúcar?

Apesar de se respaldarem em literaturas científicas, vale destacar o provável conflito de interesse de algumas publicações e a interpretação tendenciosa, realizada pela Coca-Cola, sobre as publicações mais sérias.

Por definição, conflito de interesse é um conjunto de condições que interferem em um julgamento, de forma que um interesse primário, seja comprometido em detrimento de um secundário. Por isso, devemos ficar atentos àquilo que está sendo divulgado, pois por trás de um texto bem elaborado e com referências cientifícas, pode haver outros interesses diferentes daqueles que pensamos ser o primário.

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A “moda” do aleitamento materno

Por Camila Araújo e Camila Leão.

O aleitamento materno não é uma “moda” atual para a alimentação infantil. Na verdade, o leite em pó industrializado é que virou moda, transmitindo paras as mães (e para muitos pediatras também) a noção de que é uma opção muito melhor ao leite materno. Ora, desde o início dos tempos todos os seres humanos foram amamentados com o leite materno, cresceram e se desenvolveram excelentemente bem – que o diga a evolução humana. Já é um consenso (um tanto quanto óbvio) que o leite materno é um alimento completo para o bebê.

O leite artificial é importante somente para os casos em que a mãe não pode amamentar. Para os outros casos, o aleitamento materno exclusivo e em livre demanda é recomendação da Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pediatria (que não costumam se pautar pelos modismos, mas pela ciência).

Contudo, a indústria das fórmulas infantis não está nada satisfeita com essa nova “moda” de re-conscientização da população sobre a importância do aleitamento materno, afinal, eles é quem param de lucrar…

Vejam a reportagem que encontramos:

Há um ano: Leite em pó

A tal moda de amamentar está me dando fome… E todos os adultos achando que tô chorando por cólica
Por Margarida – 26.11.2013

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Estou deixando minha mãe meio apavorada. É porque eu choro muito. E ela continua não entendendo. Vou contar a verdade: Minha mãe está com pouco leite… Acontece nas melhores famílias. Mas como eu nasci no século 21 – em uma família que pode ir ao supermercado – existe uma solução incrível chamada LEITE EM PÓ. Os cientistas – são os homens que inventam as coisas novas – conseguiram inventar um leite bem parecido ao leite da minha mãe, é uma maravilha.

O problema é o de sempre: minha mãe não me ouve. Ela fica achando que eu tô chorando de cólica, e eu tô chorando de fome! Cólica é uma coisa que eles dizem para todos os problemas que a gente tem. Quando não sabe o que é, é só dizer que é cólica! Mas pra vocês entenderem a cólica e o leite em pó vou ter que falar de outro assunto.

Aqui na Terra tem uma coisa chamada “moda”. Todo mundo se influencia por ela. A moda faz as pessoas mudarem de ideia e acreditarem no extremo oposto do que acreditavam antes. É assim, dependendo da moda você logo muda de idéia. A moda depende do lugar, da época e não sei mais do quê, mas serve pra tudo: eu já vi para comida, roupa, educação. Isso só em três semanas, então é seguro que sirva pra mais coisa.

Tô dizendo isso porque aqui onde nasci, no Brasil, está super na moda amamentar! Então a maravilhosa invenção do leite em pó anda malvista… E nem passa pela cabeça da minha mãe – que, infelizmente, se influencia pelo o que pensa a maioria – que eu seria muito mais feliz se ganhasse, depois do peito, um pouquinho de leite em pó.

Tem uma senhora muito simpática que vem quase todo dia aqui em casa. Ainda não entendi porque ela passa tanto tempo aqui – e ninguém me explicou. O nome dela é Maria. Uma visita diferente porque as outras visitam costumam ficar paradas e ela fica de um lado pro outro levando coisas, arrumando, limpando. De vez em quando, ela fala para alguém: “Ah, se a mãe dela saísse um pouquinho, eu bem que dava uma mamadeira bem grande, aposto que esse bebê está chorando de fome”. A Maria, que não liga pra moda, tem boa intuição. Mas nada da minha mamãe sair de casa…

É o problema de sempre… Os adultos basicamente só entendem as palavras. No resto da comunicação eles não vão muito bem.

Ai que fome, quero mais leite e o da minha mãe já acabou… É difícil mesmo essa vida na Terra…

Reparem que o texto foi publicado numa revista voltada para pais! Que tipo de informações estão sendo passadas, afinal?! Serviço de desinformação maior, impossível…

milnutri-pefAh, vale ressaltar ainda que na página em que o texto foi publicado existe uma  publicidade da fórmula Milnutri, da Danone. Coincidência?! Claro que não…

Matérias como essa perpetuam a ideia de que o leite materno é “fraco” e que não está atendendo às necessidades da criança.

O recado que gostaríamos de deixar: Pais, fiquem atentos ao conteúdo que acessam e analisem criticamente as informações!

nestle-boycott-twins“A menos que você já tenha visto essa imagem antes, vai se chocar quando souber que esses bebês são gêmeos.  A mãe foi levada a acreditar que ela não teria leite suficiente para os dois. Então ela alimentou o menino no seio, enquanto a avó alimentou a menina na mamadeira. A menina morreu dias depois da foto.” Fonte: Jemjabella Imagem tirada pela UNICEF

Texto interessante sobre esse assunto: MANUAL DIGITAL DA MATERNIDADE RADICAL: FORMULA FIX – Super Duper.

Em resposta ao texto publicado, gostaríamos de deixar um dos comentários da página, que ensina bem a “pobre Margarida” sobre a realidade:

Oi, Margarida

Eu não sou bebê, já fui, faz muito tempo. Tive um bebê como você, mas ela também já está grandinha. Ela e eu passamos pela fase da amamentação. Sim, olha como essa moda já existia. Eu mamei na década de 70 e minha filha nos anos 2000. Aliás, querida Margarida, um dia você também pode ser mãe e amamentar seu filhote, sabe como? Com os peitos. Os seios que você terá quando começar a ficar “mocinha”. É para isso que eles estão ali, para amamentar.

Existem algumas mulheres que realmente não conseguem amamentar, o que é uma pena, porque a amamentação é a alimentação perfeita para bebês como você. Para estas mulheres sim, estes homens que inventam as coisas novas criaram o leite em pó, a fórmula . Para o resto das mulheres que pode amamentar, o leite em pó é algo completamente desnecessário. Infelizmente, algumas pessoas, como a sua mãe, estão desinformadas sobre a amamentação. E você, Margarida, poderia ensiná-la. Leite fraco é uma lenda, não acredite nisso não. E achar que amamentação é moda é muito feio. Parece até que ninguém frequentou direito as aulas de ciências quando o professor ensinou que o ser humano é mamífero.

A Maria, que parece ser bem legal, não tem boa intuição não. Maria está errada. Mas não culpe Maria, ela deve ter lido alguns textos em revistas e sites voltados para pais onde se encontram algumas grandes besteiras escritas. Mas eu entendo você, não deve ser fácil aprender sobre amamentação numa página com o patrocínio de uma fórmula.
Porque o legal mesmo é assim, cada um tem a sua opinião e faz o que bem entender com a sua vida, mas quando essa nossa opinião pode influenciar outras pessoas, ela precisar ser verdadeira.

Boa sorte, Margarida.

Por Chelly Cardoso.

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Herbalife é a nova parceira do CNPQ?! #EraSóOQueFaltava

Por Camila Araújo e Camila Leão.

No dia 30 de outubro o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou que o Projeto Ciência sem Fronteiras (CsF) contaria com um novo parceiro: a empresa  Herbalife.

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#EraSóOQueFaltava!!

Para piorar, qual foi o constrangimento que sentimos quando lemos no texto publicado no site do próprio CNPq, que a empresa era “do ramo da nutrição”. Mas peraí, desde quando uma empresa que vende a ideia de que shakes substituem alimentos, pode ser considerada uma empresa de nutrição?!

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No texto, o Presidente do CNPq, Glaucius Oliva, afirma que “a inovação acontece no ambiente das empresas e é fundamental esse processo de estabelecimento de parcerias para estimular o desenvolvimento científico e tecnológico e da inovação”. “Uma das vocações do programa Ciência sem Fronteiras é a formação de pesquisadores em ambiente empresarial. A parceria com as empresas é um dos diferenciais do Programa”, completou o presidente do CNPq.

Gioji Okuhara, diretor Geral da Herbalife do Brasil, afirmou que o interesse da empresa ao estabelecer a parceria “é fomentar a pesquisa e formar pesquisadores para trabalhar em empresas, além de participar do processo de desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil”. “Temos feito muitas parcerias com foco em problemas de saúde e nutrição no país”, completou.

O fomento à esse tipo de iniciativa é interessante, sem dúvida, mas será que esse seria o melhor momento de inserir o futuro profissional numa empresa? Será que estudantes de graduação já têm o discernimento necessário e suficiente para avaliar se o que aquela empresa está afirmando corresponde à realidade ou à melhor opção?

E o que dizer sobre o conflito de interesses? Será que os resultados de uma pesquisa na área de nutrição, financiada pela Herbalife, mostrarão que a melhor opção para a maioria da população é o alimento, em sua forma mais natural possível? Será que os estudantes não serão levados a acreditar nos “milagres” que a empresa promete? Enfim, essa é a reflexão que gostaríamos que as pessoas fizessem…

O PropagaNUT deixa aqui manifestado o seu repudio quanto a este tipo de parcerias!

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Um Novo Conceito de Hidratação

Por Camila Araújo e Camila Leão.

Instituto de Bebidas para a Saúde e Bem-Estar da The Coca-Cola Company conversou com “a especialista em hidratação Ann Grandjean” e nos trouxe a seguinte informação:

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Muitas pessoas acham que a água pura hidrata mais do que outras bebidas. Isso é verdade?

Dra. Grandjean: Não. A ideia de que beber água é essencial para manter o estado de hidratação é um equívoco comum. Por exemplo, muitas pessoas que viajam bastante já me perguntaram como podem continuar hidratadas quando nem sempre há fácil acesso à água. Na verdade, essa premissa, em parte, estimulou o meu interesse e de meus colegas do Center for Human Nutrition a estudar se existe uma diferença na manutenção do estado de hidratação de acordo com os tipos de bebidas consumidas.

Em nosso estudo, participaram voluntários saudáveis em dois testes separados, que só se diferenciavam pelos tipos de bebidas consumidas. Durante um teste, um terço do volume de líquido total consumido foi água pura e dois terços foram uma mistura de suco, café e refrigerantes. Usamos essa mistura por representar melhor o que a maioria dos norte-americanos consome. Durante o outro teste, os indivíduos consumiram a mesma quantidade de líquido, mas a mistura de bebidas incluía apenas suco, café e refrigerantes — sem água pura. Com a análise dos resultados, não encontramos nenhuma diferença nos marcadores da hidratação, o que sugere que, embora precise de água, o corpo não requer água pura por si desde que sejam consumidas quantidades apropriadas de outras bebidas.

Para entender por que isso acontece, pense na “água” como um nutriente de que seu corpo precisa. O nutriente “água” está presente na água pura, obviamente. Mas também está presente em outros líquidos, como suco, café e outras bebidas, bem como na maioria dos alimentos, em quantidades variadas. Esse nutriente “água” é absorvido pelo corpo e tem a mesma fisiologia, independentemente de sua fonte alimentar.

Fonte: The Coca-Cola Company – Instituto de Bebidas para Saúde e Bem-Estar.

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Material da Coca-Cola distribuído durante o Congresso da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição 2013.

A informação parece um tanto quanto duvidosa, não?! Ao fazer uma busca em documentos científicos e oficiais encontramos os seguintes dados:

  • IOM (2005): A água é essencial para a homeostase celular e para a vida. O consumo total de água inclui água potável/filtrada/mineral, água presente nas bebidas, além da água presente nos alimentos. O consumo adequado de água total é de cerca de 3,7L para homens e de 2,7L para mulheres. Já o consumo adequado de água “fluida”, proveniente de água e bebidas, é de aproximadamente 3L e 2,2L para homens e mulheres, respectivamente.
  • EFSA (2010): A água está envolvida em praticamente todas as funções do corpo humano. É particularmente importante para a termorregulação. O “consumo total de água” é equivalente à água presente nos alimentos e nas bebidas, bem como a própria água. A maioria das pessoas obtém cerca de 80% do total de líquidos a partir da água e de outras bebidas, sendo os 20% restantes provenientes dos alimentos.

Todos eles mostram a importância de se consumir líquidos ou um total de água para manter um equilíbrio no organismo. Ok, a Coca-Cola não mentiu. Mas ela contou a verdade apenas de um lado. Primeiramente, é verdade que precisamos consumir líquidos para nos manter hidratados, PORÉM, se esses líquidos ingeridos forem provenientes, em sua maioria, de sucos e refrigerantes, o indivíduo estará consumindo muito mais que água, mas também uma quantidade provavelmente excessiva de energia, nutrientes e ingredientes que compõem esses produtos. Já falamos aqui exaustivamente de como as bebidas industrializadas (como sucos, chás e refrigerantes) apresentam quantidades excessivas de açúcar em sua composição, além é claro dos aditivos como corantes, conservantes e tantos outros encontrados nessas bebidas.

águaQuem é que não tem um primo, um tio ou apenas um conhecido que não toma NADA de água, mas se hidrata somente com refrigerantes? Ou sucos de caixinha? Essas pessoas, mais cedo ou mais tarde, apresentam desequilíbrios no funcionamento do seu organismo, que culminam no aparecimento de gastrites, pré-diabetes ou diabetes, ganho de peso e até obesidade. Enfim, o que gostaríamos de ressaltar é que a hidratação proveniente apenas ou majoritariamente de bebidas (que não a água) não é algo saudável.

Lembrando que as principais funções da água no organismo são:

  • Transporte – de nutrientes para as células e de substâncias tóxicas para fora do corpo;
  • Excreção – de produtos resultantes do metabolismo. Através dos rins, são excretadas as substâncias que o corpo não necessita;
  • Solvente – como meio onde se dão todas as reações;
  • Regulação da temperatura corporal – quando o corpo está excessivamente quente, aumenta substancialmente a sudorese a fim de liberar calor através da evaporação. Ao suarmos, a água que existe no suor evapora-se à superfície da pele, produzindo a diminuição da temperatura corporal.
  • Participação em reações enzimáticas – facilita a digestão, por exemplo.

Além disso, uma desidratação continuada tem efeitos no organismo, a médio e a longo prazo, em diversos sistemas como:

  • Renal;
  • Circulatório;
  • Respiratório;
  • Cognitivo;
  • Digestório, entre outros.

Informações “maquiadas” como essa acabam incentivando hábitos nada saudáveis em muitas pessoas…

Também revoltados com essa novidade da Coca Cola, o pessoal do Movimento Infância Livre de Consumismo fez a crítica abaixo:

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Fonte: MILC.

De fato, faltava a Coca-Cola para “resolver” nossos problemas…

#EraSóOQueFaltava!

Referências:

INSTITUTE OF MEDICINE, Food and Nutrition Board. Dietary Reference Intakes For Water, Potassium, Sodium, Chloride, and Sulfate. 2005.

 European Food Safety Authority (EFSA). Scientific Opinion on Dietary Reference Values for Water. EFSA Journal 2010; 8(3):1459.

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Conflito de interesses no SBAN

Recebemos esse relato sobre o XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), que ocorreu entre os dias 13 e 16 de agosto deste ano. Compartilhamos da mesma indignação…

Por Bruna Nunes*.

A minha (infeliz) experiência no XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição

Sou uma nutricionista recém-formada. Durante a graduação, escutei vários relatos sobre o Congresso Nacional da SBAN. Mas, por incrível que pareça, a minha primeira experiência só aconteceu este ano – depois que eu já estava com meu diploma na mão. Como eu tinha condições e curiosidade, resolvi ir para o tal do congresso que a Coca-Cola patrocinava.

Eu ouvi vários alertas quando mencionei minha viagem e já cheguei ao evento bem desconfiada, mas, acredite, o Congresso da SBAN conseguiu me surpreender – negativamente.

Stands lindos, enormes e modernos da Coca-Cola (é claro!), da Herbalife, da SupraSoy, da Nestlé, da Danone. Se alguém tivesse me contado eu não acreditaria, mas eu vi com meus próprios olhos: distribuição gratuita de shakes para serem substituídos pelas refeições principais e um freezer liberado com os produtos da Coca-cola.

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IMG_0003 (3)Além de todo esse absurdo, eu tive o desprazer de assistir a palestras financiadas por essas indústrias, nas quais os seus produtos eram enaltecidos e amplamente elogiados, respaldados por pesquisas, projetos e grandes nomes.

E, pior do que tudo isso, eu vi nutricionistas mais do que orgulhosos por terem organizado, participado e realizado esse belíssimo evento.

Desde o último semestre da faculdade tenho tido excelentes experiências em relação à minha profissão. Desenvolvi o meu senso crítico e aprendi a enxergar a Nutrição sob uma perspectiva bem diferente daquela que a Universidade insistia em nos ensinar.

Por isso, me peguei diversas vezes me perguntando durante este evento… E se eu não tivesse tido essas experiências, eu teria esse olhar crítico em relação a este Congresso? Fiquei sinceramente preocupada quando vi estudantes do 2º, 3º semestre. Pode ser que tudo tenha sido absorvido por eles ou pode ser (eu espero!) que não.

De tudo, fica o meu relato e minha reflexão. Afinal, pelo que, nós, nutricionistas, lutamos? Não somos nutricionistas sociais ou clínicos ou de produção… Somos nutricionistas. E precisamos nos unir para lutar por um mundo com uma alimentação adequada para todos. Todos.

*Bruna Nunes é nutricionista e atua no Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional do Centro-Oeste (NUSAN/CO) e no Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (OPSAN/UnB).

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A Promiscuidade entre Indústria e Medicina: o exemplo da Nestlé e da Pediatria no Brasil

Por Pediatria Integral. 

Imaginem a cena: milhares de adultos fazendo filas para comer papinhas de bebê requentadas em réchauds de aço inox. Médicos se acotovelando para devorar leitinhos infantis açucarados e biscoitos de aveia e mel. Centenas de respeitáveis profissionais ansiosos para responder um joguinho de perguntas e ganhar bichinhos de pelúcia; jogando dadinhos gigantes para ganhar picolés de graça.

Estas cenas não pertencem a alguma comédia dos Trapalhões ou a um pesadelo de pais esgotados. São reais e colocam, de forma muito eloquente – e caricatural, neste caso – uma faceta pouco conhecida da medicina.

A relação entre indústria farmacêutica e médicos é sempre problemática. A necessidade de colocar o lucro antes da saúde, do beneficio social ou ambiental está ainda no DNA da empresa privada. Existem mudanças no horizonte, mas são lentas e ainda restritas a poucas corporações. Se o lucro vem antes de tudo e o poder é quase ilimitado, como no caso da indústria farmacêutica, a ética- inclusive a dos médicos – e o bem estar do público são vitimas fáceis.

Existem muitas restrições que limitam a propaganda de remédios diretamente para o consumidor. Portanto, o médico, que prescreve a droga, acaba sendo o alvo preferencial da indústria. Há várias formas de cooptar a “opinião cientifica” de médicos. E os alvos mais valiosos são aqueles que se encontram em posição de influenciar decisões que gerem mais vendas – seja por influência no público diretamente, no governo, na mídia ou – muito importante – em outros médicos.

A indústria pode, por exemplo, financiar estudos “científicos” sobre seus produtos, mascarando ou alterando resultados; manipulando estatísticas e mesmo, estratégia mais comum, trazendo a público apenas os que deram resultados favoráveis (os que mostram que o remédio não funcionou vão para a gaveta). Médicos recebem dinheiro (de forma direta, mas velada) da indústrias para promover direta ou indiretamente uma droga; médicos são seduzidos por favores como passagens para congresso, viagens e estadias pagas em hotéis caros, aparelhos de todo tipo, comissões, pagamentos para publicar artigos, dar palestras que mostram como é bom tal ou tal remédio… enfim, são muitas as estratégias.

Uma das mais criativas é a da Nestlé Brasil. A maior indústria de alimentos infantis do planeta que escolheu como estratégia – extremamente inteligente – influenciar nossos pediatras. Ora, pediatras influenciam mães e pais, com autoridade de quem cuida da saúde de nossos filhos! Quer melhor que isso para vender? Acontece que a Nestlé está constantemente na lista das piores empresas do mundo para o planeta (veja mais  aqui) com várias práticas questionáveis para a saúde e o meio ambiente. Por exemplo, descarrega quantidades brutais de açúcar (pra quem não conhece, substância extremamente nociva, comprovadamente geradora de adição física, usada e abusada por toda a indústria de alimentos) em seus produtos infantis (inclusive o Ninho “fases”, mamães…), viciando o organismo infantil e prejudicando sua saúde. Me lembro até hoje da propaganda chocante dos flocos de milho da Nestlé, que pra ganhar da Kellogg colocou um urso branco (!!) de símbolo, que enviava um raio que fazia os floquinhos ficarem mais brancos, nevados, de…. adivinha? Uma empresa que carrega na sua história o apelido de “Baby-Killer” (usado por diversos movimentos sociais), por ter, durante muitos anos, criado a cultura do leite materno ruim ou fraco para vender seus leites infantis, e distribuído propaganda e latas de leite em maternidades – inclusive de países pobres – induzindo o desmame (e portanto a desnutrição e muitas vezes adoecimento e morte) de milhões de bebês. Essas práticas foram combatidas ferozmente pela sociedade civil (especialmente o movimento feminista) até serem regulamentadas (e proibidas) na maioria do planeta.

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Mas infelizmente, em nosso país e em muitos outros, o desmame precoce ainda é uma triste realidade. E muitas vezes ocorre devido ao conselho de profissionais de saúde, entre eles, pediatras e obstetras. Maternidades são conhecidas pela prática de oferecer complementos para recém nascidos, muitas vezes desnecessariamente, à revelia das famílias. A Sociedade Brasileira de Pediatria faz um belo trabalho de defesa e promoção do Aleitamento Materno – recentemente, por exemplo, pressionando pela aprovação da licença de 6 meses. Mas por outro lado, tudo, literalmente tudo que a SBP faz é patrocinado pela Nestlé. A indústria colou de tal forma a sua marca à SBP que chega a ser bizarro. Todas as publicações da Sociedade de Pediatria vem com o logo “Nestlé Nutrition”. Cursos, atualizações, manuais, correspondência… tudo. É muita simpatia. A Nestlé está de tal maneira identificada com a pediatria brasileira, que causa fascínio em todos os que vem a conhecer este “case” de marketing. E é muita ambiguidade: por um lado lutar pela amamentação e por outro lado, se apoiar inteiramente na indústria que historicamente foi a pior inimiga do leite materno, e cujos produtos, que deveriam ser uma espécie de reserva técnica para casos excepcionais, são propagandeados diariamente para médicos (aliás, os de outras indústrias também).

E aí… semana passada passei um dia no Curso Nestlé de Atualização em Pediatria, oferecido (sem custos) anualmente pela empresa e freqüentado por milhares de pediatras de todo o pais. A edição 2012 foi no Rio, e fui lá para assistir uma aula específica.

O que vi era difícil de acreditar. Um pátio gigantesco, no Riocentro. Milhares de médicos, a maior parte acima de seus 40 anos, se acotovelavam para participar das promoções da Nestlé. Eram “quizes” de perguntas (quase todas relacionadas direta ou indiretamente a produtos da empresa) para ganhar… bichinhos de pelúcia; joguinhos da memória infantis sobre as papinhas Nestlé, para ganhar pingentinhos; joguinhos de dados gigantes para ganhar picolés; fotos com logo de iogurte para colocar no Facebook; videogames com símbolos de produtos para ganhar mais brindes infantis. Nos stands servia-se chocolatinhos, leitinhos, Ninho Soleil, Chambinhos, biscoitos, sorvetinhos e pasmem: papinhas Nestlé. Em réchauds de aço inox, servidos por mocinhas em traje de chef. Em todas as estações, centenas de pediatras se acotovelavam para participar, provar papinhas e ganhar brindes infantis. Isso em meio a propagandas gigantescas de todos os produtos da empresa, em especial os leites para bebês.

Ora, uma coisa é propaganda lúdica, bem humorada. Mas o que vi ali foi um show de infantilização simplesmente inacreditável. Uma empresa se propondo a tratar pediatras como crianças e pediatras assumindo esse papel de forma caricatural. Assim fica muito fácil imaginar como a Nestlé se inscreve no imaginário destes profissionais. Como eles de forma inconsciente transformam a empresa numa “Grande Mãe” que os ama, e portanto, merece amor filial. Uma mistura genial de marketing e psicanálise, que para alguém que conseguia ver este cenário um pouco “do lado de fora”, parecia um verdadeiro show de horror.

Algumas fotos podem ilustrar de forma muito superficial um pouco do que está aqui descrito – veja aqui.

*Texto publicado em 13 de janeiro de 2013 no site Pediatria Integral.

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A Festa do Pink #EraSóOQueFaltava

Por Francine Lima*.

Campanha de saúde ou propaganda em parque público?

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Era um manhã ensolarada de inverno, e pelo menos dois programas matinais de TV já haviam anunciado o evento, para que o público começasse a chegar pouco mais tarde. O convite era para que a população viesse ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo, para fazer exames gratuitos de densidade óssea e descobrir a que distância estava de uma osteoporose.

Dentro de um caminhão, máquinas e fisioterapeutas de jaleco cedidos pela GE examinariam os interessados, em fila, que depois receberiam orientações sobre alimentação e exercícios físicos.

E tudo ali era pink. A lataria externa do caminhão estava coberta de pink. Os painéis com dicas do lado de dentro eram pinks. A tela dos tablets com um questionário para os visitantes preencherem era pink. No local da entrevista coletiva para a imprensa, vasos e uma mesa eram cor de rosa choque. Até a blusa da médica especialista em osteoporose era pink.

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Porque pink é a cor da embalagem do “iogurte” Densia, da Danone, que patrocina a campanha. Não só a cor, mas o nome da marca estava por toda parte, em meio a joguinhos e informações sobre a doença dos ossos. E é claro que a sugestão de consumir mais iogurte estava lá no meio das dicas. Ainda mais um “iogurte” com 50% das necessidades diárias de cálcio de um adulto, certo? A Danone não teria por que patrocinar uma campanha se não fosse para lucrar com isso, teria?

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Quando lançou o Densia, em 2011, a Danone tinha a meta de aumentar o consumo de iogurtes per capita no Brasil em 50%, segundo que foi divulgado na época. A empresa considera baixo o nosso consumo atual, que seria de 7 quilos per capita, já que as pesquisas deles mostram que os franceses consomem 30 quilos de iogurte por ano. A meta atualizada da marca é convencer os brasileiros a aumentar para 8,8 quilos o seu consumo anual no período entre 2013 e 2016.

Então, do ponto de vista da marca, expor seu produto num caminhão pink em praças e parques públicos de diversas cidades brasileiras (São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Campinas) em finais de semana, e com a ajuda da mídia televisiva mais poderosa deste país, é uma estratégia bastante interessante para alcançar sua meta, certo? E pelo visto é bem fácil para ela conseguir essa exposição toda.

A administração do Parque do Ibirapuera me disse que existem regras para a exposição de produtos e marcas dentro do parque. Não é permitido, por exemplo, distribuir produtos. Então Densia de graça foi só para os jornalistas; os demais visitantes do caminhão só passariam vontade. A coordenadora de eventos do Parque me disse também que quem controla como as marcas podem interferir na paisagem do lugar é a Comissão Permanente de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU).

Posso deduzir, portanto, que está totalmente permitido que um caminhão pink, um osso inflável gigante e um palco fiquem estacionados por três dias dentro do parque público expondo a marca de um “iogurte” em meio a orientações sobre a prevenção de osteoporose?

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Eu não vejo muito problema em incentivar o consumo de iogurtes DE VERDADE. Mas vejo um problema sério em usar uma campanha de saúde para inventivar o consumo de um produto industrializado que contém corante, açúcar, adoçante artificial, amido e outros componentes que não entram na receita de um iogurte caseiro.

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E me preocupa que o poder público não veja problema nenhum em deixar esse tipo de decisão nas mãos da administração de um parque, que responde à Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, não à Secretaria de Saúde. Se eu fosse uma autoridade no setor de saúde, não deixaria marca de alimentos nenhuma ditar o que a população deve ou não consumir. No meu ver, isso é conflito de interesses, não uma política de alimentação e nutrição, como deveria ser.

*Francine Lima é jornalista e faz mestrado em nutrição em saúde pública na USP. Escreve o blog Uma equilibrista e a página do Facebook Do campo à mesa, onde alerta sobre os absurdos cometidos pela agricultura, indústria, varejo, governo, ciência e a mídia.

Fonte do texto: Uma Equilibrista – A Festa do Pink.

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Um manifesto pela regulação da publicidade de alimentos!

Por Camila Araújo e Mariane Bandeira.

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Estamos vivendo um momento único na nossa história. Há muito tempo, não vemos os brasileiros tão unidos e saindo para as ruas indignados com a triste realidade do País. A saúde está precária, os meios de transporte público não funcionam como deveriam e se mostram insuficientes para a demanda, faltam investimentos na educação, fora a questão da corrupção, desvio de verbas, impunidade, altos impostos e diversos outros problemas que assolam a Nação. E para engrossar o caldo, os elevados gastos com a Copa do Mundo para a construção de faraônicos estádios de futebol juntamente com o aumento das passagens de ônibus em São Paulo foram a gota d’água! São tantas coisas para reclamar e reivindicar, a população está tão saturada e revoltada que todos estão levantando bandeiras por suas causas.

E aproveitando esse clima de mudanças e protestos, o PropagaNUT também quer manifestar sua causa. Estamos cansados, revoltados e indignados com tantos abusos cometidos pela indústria e marketing de alimentos industrializados, principalmente aqueles direcionados ao público infantil! A epidemia de obesidade é real e global, e mais de 90% dos alimentos promovidos pela publicidade são ricos em açúcar, gordura e sódio. Dados do Ministério da Saúde revelam que 30% das crianças brasileiras estão com sobrepeso e obesidade e 7 em cada 10 crianças continuam obesas na fase adulta. Recentemente, foi publicada uma pesquisa sobre o impacto da obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS) em que são gastos anualmente 488 milhões de reais com tratamentos de doenças associadas a esse quadro.

REGULAÇÃO DA PUBLICIDADE DE ALIMENTOS JÁ!

Para mais informações, acesse:

Frente pela regulação da publicidade de alimentos.

Campaign for a Commercial Free Childhood.

Instituto Alana.

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ABRASCO emite Nota sobre prêmio Pemberton da Coca-Cola

Por Camila Araújo.

A Nota foi aprovada pela presidência da ABRASCO e redigida pelo Comitê Executivo do GT Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva: expressa posicionamento acerca do significado do Prêmio. Mundialmente, 155 milhões de crianças têm excesso de peso ou obesidade infantil, segundo os estudos da Organização Mundial de Saúde. Destas crianças, mais de 90% consome fast food e bebe refrigerantes pelo menos 4 vezes por semana.

PREMIO PEMBERTON

Clique na imagem para ler a nota completa.

Fonte: http://www.abrasco.org.br/

Mas o que é o Prêmio Pemberton?

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O Prêmio Pemberton é uma iniciativa da Coca-Cola Brasil voltada a profissionais, instituições de pesquisa e universidades, nas diferentes áreas da Saúde e afins: Medicina, Educação Física, Nutrição, Biologia, Engenharia de Alimentos etc. Seu objetivo é incentivar pesquisas científicas com foco em bem-estar e nos requisitos para uma vida saudável, tais como os benefícios da alimentação equilibrada, da hidratação e da prática de exercícios físicos.

Em setembro de 2012, a Coca-Cola Brasil lança a 3ª edição do Prêmio Pemberton, que conta com o apoio da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), SBAN (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição) e ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia).

O conflito de interesses desse prêmio é mais do que evidente: um “alimento” rico em açúcar, que mais contribui para o aumento do excesso de peso e de diabetes na população, promovendo um estilo de vida mais saudável? #EraSóoQueFaltava mesmo!

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